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junho 24, 2010

O taxista e a bêbada

Você já teve que pegar taxi de madrugada? Eu tive e nessas horas não há como escapar das famosas conversas de taxistas. É cada uma...

O último taxi que peguei começou, involuntariamente, claro, a me contar a história do passageiro anterior e até por eu ser uma pessoa educada, fui falando os famosos "aham", "certo" e mesmo assim a história foi andando. Acabei fazendo algumas filosofias e trago aqui para compartilhar com vocês. Tem até título!

A Bêbada

Depois de uma longa noite de serviço, o único meio de voltar para casa era pegar um taxi. Liguei para a companhia de taxi e solicitei um, que chegaria entre 10 e 12 minutos. 

Ao entrar, o taxista Maurício (nome fictício, apenas para que a história fique melhor, portanto imagine um taxista chamado Maurício!) me chamou de Paulo, o que me fez ficar na dúvida em saber se era meu taxi, mas no equipamento estava meu nome (eles usam um equipamento agora bem interessante, com gps e informações das solicitações). Corrigi-o falando meu nome e estava tudo ok. Falado o destino, ele começou a contar a história. Ah, como eu disse acima, imagine eu apenas concordando com o que ele falava, falando entre as pausas: "ceeeerto", "ahaaaam", etc.

"Cara, você não sabe... Acabei de deixar uma bêbada e tive um monte de problema. Peguei ela em um barzinho em Pinheiros, estava acompanhada de um rapaz e só parei porque pensei que ele ia levar ela em casa, mas logo vi que ele não ia embarcar e eu ia ficar com essa bucha sozinho. 

A menina era uma gracinha, morena, bem vestida, bem maquiada, gostosa e estava completamente bêbada. Ela ficou cheio de gracinhas pra cima de mim, dando a entender que queria fazer outras coisas... Até peguei na mão dela, fiz um carinho na coxa, disse algumas palavras, mas ela estava completamente bêbada."

Pausa: Eu não sei se eu ria, se eu acreditava ou se eu deixava rolar, porque era realmente difícil de acreditar que uma mulher, por mais que estivesse bêbada, pudesse querer algo com o Maurício. Só para tentar ilustrar, ele se parecia um pouco com esse cara abaixo, que achei no google procurando por "homem bigode".


Ele tinha bigode e usava óculos também, na ponta do nariz.

"Lógico que aproveitei um pouco, passei a mão na perna dela... Ela tinha uns peitões cara, mas fiquei pensando se comia, se não comia, mas achei melhor não comer, ela estava completamente bêbada e não sei o que podia acontecer. Imagina se essa mulher dá pra Deus e o mundo e pode ter alguma doença..."

Aham....

"Pois é cara, ai fiquei na dúvida mas decidi levá-la para casa. Até porque não queria gastar dinheiro com motel hoje... Ta foda né? Muito caro os motéis! 

Chegando perto da casa dela, encostei o carro e falei o valor pra ela: R$ 35,00. Ela não queria me pagar. Não sei se foi porque não quis comer ela ou algo que eu fiz, a vadia não queria pagar os 35 conto da corrida e queria me dar o bolo. 

Saí do carro com ela, fui até a portaria para mostrar que eu era um taxista pro porteiro e que ela precisava me pagar, mas lá ela insistia que não queria me pagar, pra eu passar depois lá, que agora ela não tinha nada. 

Ela em um ataque de loucura, voltou pro meu carro, pegou o aparelho da empresa, puxou e jogou-o no chão, falando que não ia pagar porra nenhuma. Nessa hora, segurei ela forte no braço e disse que se ela quebrasse esse aparelho, ela teria de pagar 7 mil por ele, pois ele é importado da Inglaterra, etc.

Nisso ela, louca ainda, pegou o visor do Taxi (que fica em cima do carro) e puxou, riscando o carro. Minha vontade era dar uns tapas nela, mas não tive coragem, não gosto de bater em mulher. Uma vez bati na minha e ela ficou roxa e fiquei com muito remorso, não queria arriscar, vai que ela me denuncia e eu fosse preso. Ai fodeu!

Ela disse que ia pegar o dinheiro em casa e que já descia, mas nisso eu perguntei pro porteiro e ele disse que a mina morava no prédio lá atrás, que era de outra portaria, então eu já fiquei preocupado e fui atrás dela. Nisso ela ainda não queria me pagar, insisti que estava fazendo meu trabalho e ela pegou a carteira e me deu R$ 50,00. Como sou bonzinho, falei pra ela que ia pegar o troco para ela esperar. Peguei 15 conto de troco pra dar pra ela e ela queria mais. Eu expliquei que a corrida foi 35 conto e ela ainda assim queria mais. Mandei a vaca ir tomar no cu e deixei ela lá. Fiquei tão nervoso que tive que comprar um remédio para dor de cabeça..."

Hahaha. Loucura, não?

Se não bastasse tudo isso, ele ainda começou a falar das prostitutas que ele pegava na R. Augusta, que pegava uma muito boa até ele ter engravidado ela... E pra terminar o papo, ele falou que tinha comprado uma chácara na região do Embú para ficar com a mulher e o filho por um preço muito bom. Prestou bem atenção: "Mulher e filho". É... 

Eu acredito muito que "quem canta de galo" desta maneira, é porque nada disso aconteceu, mas na verdade poderia ser uma coisa que ele queria que tivesse acontecido. Mas acho engraçado. Se você parar pra pensar, essas pessoas ficam isoladas em um mundo muito pequeno, limitadas a conversas com passageiros e nada mais. Então eles acabam falando muita coisa idealizada e muitas vezes pode até ser verdade, mas acredito que elas sejam bem aumentadas.

E o mais engraçado é que ele falava como se fosse o bacana. Não consigo enxergar onde isso pode ser bacana.

De qualquer forma, se tudo for uma grande mentira, admiro a grande imaginação... O ditado já diz: "Cabeça vazia, oficina do diabo".

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